Guia para um final feliz no Rio de Janeiro
Há muitos motivos para amar o Rio de Janeiro. Alguns também para não o fazer. Pessoalmente, haverá para sempre um que tornará esta cidade especial. Chegámos como namorados, saímos como noivos. Mas isto é outra história, de outro livro. Vamos focar-nos então na viagem.
Ficámos uma semana no Rio de Janeiro, com uma interrupção de dois dias para ir a Búzios. Na altura de planearmos a viagem, surgiu a dúvida entre visitar Búzios ou Angra dos Reis (ambas a uma distância semelhante do Rio), uma vez que não teríamos tempo suficiente para conhecer as duas. Após alguma pesquisa e recomendações de amigos, optámos por Búzios e não nos desiludimos.
Chegámos ao Rio de Janeiro bem cedo, por volta das 08h00 e decidimos apanhar um táxi até ao hotel. Algo receosos, optamos por um táxi de empresas particulares que estão no aeroporto, uma vez que as informações que íamos recebendo nos diziam para não utilizarmos os táxis amarelos. O que é certo é que desde essa viagem, utilizámos sempre os táxis amarelos, sem qualquer receio, e nunca nos sentimos inseguros nem sequer burlados, portanto não vemos a necessidade de utilização de um serviço de transporte particular, que nos leva exatamente ao mesmo ponto mas a um preço bem superior. Melhor ainda do que o táxi, é a existência de um serviço de autocarro que faz a ligação entre vários pontos da cidade e os dois aeroportos principais, confortável, com ar condicionado e a um preço bem acessível. Infelizmente, só tivemos conhecimento deste serviço durante a nossa estadia, mas ainda fomos a tempo de usufruir dele no regresso, e recomendamos vivamente. Aqui fica o link
Ficamos as duas primeiras noites alojados num hotel em Santa Teresa, um bairro pitoresco, central e o melhor de tudo no alto de uma colina, o que significa vista de tirar o fôlego. Mesmo! Foram dois dias a acordar com o Cristo Rei a abençoar-nos de um lado e o Pão de Açúcar a adoçar-nos do outro. Embora isso tenha compensado definitivamente a estadia, não é de todo o local mais prático ou seguro para se ficar hospedado (segundo os locais, existem várias favelas naquela área e desde que o bondinho deixou de passar no bairro a segurança diminuiu, contudo animem-se, pois segundo informações do site oficial do Rio de Janeiro será reactivado em 2016). Implica deslocação constante de táxi a partir de e até lá e os taxistas passaram o tempo a desaconselhar-nos de lá ficarmos, ao mesmo tempo que se queixavam de terem que se deslocar a uma zona tão íngreme.
Nos dois dias em que ficamos em Santa Teresa, aproveitamos para visitar as atrações turísticas mais próximas de lá. Como chegamos bastante cedo, fizemos check-in e saímos logo para tomar pequeno-almoço no café D.R.I. no Parque da Lage, como mandam os cariocas. Neste momento continuamos sem saber se o pequeno-almoço é tão delicioso quanto dizem, porque o café estava em obras, contudo o Parque é muito bonito e o palacete onde está inserido o café é um charme, portanto não ficou perdida a visita. Entretanto, o café já reabriu, por isso não deixem de lá ir e contar-nos o que perdemos.
Não satisfeitos com este desfecho e ainda esfomeados, decidimos ir explorar o centro, com direito a paragem no Café Colombo (está para o Rio de Janeiro como o café Majestic está para o Porto), onde não podemos deixar de recomendar a nata de caipirinha…Portugal e Brasil numa fusão perfeita! Depois desta maravilha, continuámos então a explorar o Centro do Rio, que, diga-se, é um pouco (bastante) caótico. Ainda assim, no meio do caos, encontram-se edifícios lindíssimos, dos quais destacamos a Biblioteca Nacional do Brasil, a Ópera e o Teatro Municipal.
Durante a tarde, decidimos explorar um dos monumentos mais icónicos do mundo, e acho que agora ficou óbvio demais, portanto espero que tenham todos dito Cristo Redentor. As formas mais comuns de subir até lá são o comboio e as vans, sendo que nós optámos pelas últimas, com ponto de partida no Largo do Machado, pois era o ponto de acesso mais próximo do nosso hotel (é também o menos concorrido, ideal para quem quer evitar longas filas no regresso), contudo há vans a sair de vários pontos, nomeadamente Ipanema e Copacabana. Quanto ao monumento, de tão icónico que é, não há muito a acrescentar, só apenas que é tudo o que imaginam e mais alguma coisa. O Rio de Janeiro aos nossos pés é uma sensação inexplicável!
No dia seguinte, apanhámos uma das inúmeras barcas que saem diariamente da praça XV (no centro, mesmo ao lado do Teatro) e fomos até Niterói ver o famoso Disco Voador do Nimeyer. Não ficámos muito impressionados, portanto, na nossa opinião não é um ponto de visita obrigatório.
No regresso, e uma vez que a Lapa é bastante próxima da praça XV, aproveitámos para visitar essa zona, com especial destaque para a Escadaria Selarón. A escadaria deve o nome ao seu criador, Jorge Selarón, que entre 1990 até 2013, o ano da sua morte, trabalhou continuamente na sua renovação com azulejos de diversas formas, desenhos e cores, alguns recolhidos pelo próprio e muitos outros oferecidos por quem visitava aquele local, resultando numa combinação de cores espectacular! A Lapa é uma zona um pouco sinistra, pelo menos foi a sensação nos transmitiu, mas ainda assim, a escadaria vale muito a pena, portanto, não deixem de lá ir! A catedral do Rio de Janeiro é lá muito perto, por isso aproveitem e visitem também. É super diferente das catedrais europeias comuns!
Tal como já referimos, interrompemos a estadia no Rio e decidimos ir até Búzios. Para isso alugamos um carro, GPS em punho e eis que a aventura começa. Conduzir no Rio de Janeiro é uma verdadeira aventura, ou melhor, uma verdadeira loucura! 4 horas depois lá estávamos nós em Búzios, tendo no percurso vislumbrado um pouco do que é o estado do Rio de Janeiro, com a auto-estrada a atravessar zonas de montanhas, verdejantes e fazendas bem ao estilo brasileiro.
Búzios é uma vilazinha pequena, muito pitoresca, com montes de cafés, restaurantes, comércio de rua…super agradável! Ideal para quebrar a agitação do Rio, sendo que o melhor de tudo é a possibilidade de circularmos tranquilamente a pé pela vila, até de madrugada, porque é tudo muito perto (de realçar que ficamos hospedados mesmo no centro, centrinho da vila, o que facilitou a deslocação) e super seguro. As praias não são estonteantes, mas são bastante agradáveis, sendo que a favorita do Volto Já foi a praia dos Ossos.
A coisa mais estranha que encontrámos nesta vila foi o método de pagamento do estacionamento de rua, que se processa da seguinte forma: há um “carinha” que circula por toda a vila para receber o pagamento de todos os condutores, nos diferentes pontos da vila, ou seja, é uma sorte se o encontrarem precisamente no local onde estacionaram no preciso momento em que acabaram de estacionar. Conclusão: duas multas de estacionamento em dois dias.
Ao regressarmos ao Rio de Janeiro, optámos por passar o resto da nossa estadia em Copacabana. Os dias seguintes foram mais relaxados, recheados de praia, chopinho e passeios no calçadão, uma das melhores coisas desta cidade! Ao anoitecer começam a aparecer várias bancas de venda ao longo do calçadão e até um mercadinho bem jeitoso, onde as meninas (e os meninos também) podem dar asas à sua capacidade de regateio e perder a cabeça com biquínis, pareos, havaianas, bijuteria, souvenirs…enfim, há de tudo, para todos os gostos!
O forte do Rio não são as praias, mas ainda assim gostamos bastante das praias de Copacabana e Ipanema, com areal imenso, água límpida e um cenário único no mundo. Além disso, depois de sentarmos o rabo da areia, não precisamos de nos mexer nem para comer, com espetadinhas, queijo grelhado, água de coco e caipirinhas (entre outras coisas) a chegarem até nós antes mesmo de sabermos que era aquilo mesmo que queríamos. Há sempre um vendedor ambulante por perto! Mas não pensem que os nossos dias a partir daqui foram só praia.
Houve ainda tempo para uma visita ao Jardim Botânico, que é lindíssimo e, obviamente, não poderíamos deixar de visitar o Pão de Açúcar (lindo!).
Ao contrário do que se possa pensar não é apenas um mirador, tem bastante área para explorar, tanto no morro da Urca, como no próprio Pão de Açúcar, com várias trilhas a percorrer o morro, sendo possível entrar numa verdadeira (mini) floresta tropical e dar de caras com um sagui ou um tucano. O que aconselhamos é que vão um pouco antes do pôr-do-sol, para desfrutarem da vista tanto de dia como de noite e acompanharem a mudança de cores no horizonte lá em baixo. A própria viagem de bondinho é uma experiência inesquecível!
Para terminar, não deixem de observar o pôr-do-sol no Arpoador, acompanhados de quem mais gostam.
Falando agora de gastronomia, que como já perceberam, é algo de que nós não gostamos mesmo nada, vamos recomendar dois restaurantes, dos quais gostamos bastante, por motivos diferentes. Sushi Leblon (peçam os especiais, não os combinados de sushi e sashimi, porque são realmente especiais. Imperdível, o especial de ovo de codorniz!) Pagamos cerca de 80€ duas pessoas com cerveja e uma sobremesa para dois. O forte deste restaurante, além da comida é o ambiente mais descontraído e cosmopolita e o serviço de atendimento ao cliente (algo que no Brasil deixa um pouco a desejar).
A outra recomendação é o restaurante Aprazível, que fica mesmo no alto de um morro, o que faz com que tenha vista panorâmica sobre grande parte da cidade. Está organizado de uma forma muito interessante, com mesas em diferentes áreas, no interior do edifício, no terraço, no meio do jardim…optamos por lá ir jantar, mas acho que para tirar todo o potencial da vista deve ser melhor ao almoço. Este restaurante é um pouco inacessível, muitos taxistas não conhecem e muitos nem querem subir até lá, mas com mais ou menos insistência, há-de aparecer algum para vos transportar. Para voltar, não vale a pena tentarem chamar táxi, motivo pelo qual o restaurante tem serviço de motorista, pouco mais caro que táxi comum. O restaurante é um pouco mais caro, nós pagamos 130€ duas pessoas com entrada, prato, sobremesa partilhada e vinho.
Qualquer um dos dois, é melhor reservar antecipadamente, porque costumam estar cheios. Quanto ao resto, é experimentar um rodízio, um churrasquinho, chopinho num quiosque de beira de praia e sem falta, mas sem falta mesmo, uma tapioca!! É delicioso!! Vende-se na rua, tal como muitas outras coisas, espetadinhas, milho grelhado e afins mas tapioca é obrigatório provar! Provámos tapioca salgada, de calabresa e queijo, parecia uma mini pizza mas mais leve…ficámos fãs!!
Deixamos ainda a recomendação para tomarem uma caipirinha (ou não estivéssemos no Brasil) num dos rooftops dos hotéis do calçadão (nós fomos ao Othon Palace), de preferência ao final da tarde, com o pôr-do-sol como pano de fundo.
Deslocação na cidade: o melhor é táxi, não é caro e mal pensem em apanhar um, já ele está a passar-vos à frente.
Notas:
Orçamento para uma semana: Aproximadamente 1000 euros para os dois (não estão incluídos gastos de avião e alojamento)
Como chegámos lá: Voo da Alitalia (Madrid-Roma-Rio de Janeiro), pelo valor de 490 euros por pessoa. Foi comprado ainda o voo Ryanair do Porto para Madrid, acrescendo o custo de 60 euros por pessoa.
Mês escolhido: Março. Verão a terminar, alguma chuva, mas sempre quente e húmido.
Preço médio da refeição: Se for em restaurante, com entrada, prato, sobremesa, podem pagar facilmente 40 euros por pessoa. A isso acrescem as taxas de serviço e, se for o caso, o couvert artístico (música ao vivo). Por isso nunca se sabe realmente qual será o valor final. Caso queiram evitar estas surpresas, aproveitem as lanchonetes e os carrinhos de rua onde vendem comida. Por 10 euros conseguem saciar o estômago com coisas boas.
Alojamento: Rio 180º Boutique Hotel, em Santa Teresa, tendo custado 170 euros por duas noites, com pequeno almoço.
Pousada Kico, em Búzios, tendo custado 45 euros uma noite, com pequeno almoço.
Mar Palace Copacabana Hotel, em Copacabana, tendo custado 230 euros as três noites, com pequeno almoço.