O fantástico mundo do outro lado do mundo: Roteiro Queensland
A nossa passagem por Queensland foi a mais aventureira de toda a viagem, sobretudo pelo desafio de conduzir na Austrália. Lá, a condução faz-se do lado oposto, ou seja, o volante é do lado direito e a mudança de velocidades na esquerda. Quando queremos ligar o pisca acabamos por ligar o limpa-vidros e vice-versa. Bom, mas com um pouco de concentração, isso é facilmente ultrapassável. Podemos até dizer que passámos com distinção. Agora a aventura, a verdadeira aventura, foi conduzir por quilómetros e quilómetros sem qualquer tipo de civilização por perto, e que se vai tornando cada vez mais dispersa à medida que subimos a costa. E isto até se aguenta bem durante o dia, mas à noite é assustador, até porque bombas de gasolina e restaurantes abertos depois das 21 horas só mesmo em grandes cidades. E grandes cidades só aparecem de 200 em 200 km ou de 400 em 400, por isso previnam-se. E onde não há gente, raramente há iluminação (abençoados faróis máximos) e onde não há gente, há animais.
Durante a noite a civilização é substituída por todo o tipo de animais, a começar em cangurus e acabando em cangurus, mas com coelhos, cobras, cavalos e sabe-se lá mais o quê à mistura. Acreditem quando vos disserem para não conduzir durante a noite, porque a vida selvagem sai mesmo toda à rua. Como podem perceber, não seguimos este conselho, por querermos visitar tudo o que tínhamos planeado visitar, por isso, deixamos aqui outro conselho: reservem antecipadamente as excursões e visitas que querem fazer. Como não o fizemos, e a nossa estadia em Queensland coincidiu com uma série de feriados e férias escolares, demos por nós a reservar visitas a locais separados por 800 km em dias seguidos, por serem as únicas datas disponíveis para o fazermos. Mas conseguimos! Com muita pena nossa, a única coisa que deixámos por fazer foi o voo sobre a barreira de coral, precisamente pelo mesmo motivo, não tinham vagas disponíveis em nenhum voo até ao nosso regresso.
O nosso roteiro pela Queensland começou na Gold Coast, para onde voámos a partir de Sydney. Recolhemos o carro alugado no aeroporto e seguimos viagem até Surfers Paradise, a nossa primeira paragem, com estadia de uma noite. Pode dizer-se que Gold Coast é a Miami da Austrália, com a praia de areia branca e extensa, em contraste com os edifícios altos e modernos. Possivelmente a cidade mais “festeira” de toda a Austrália.
A praia de Surfers Paradise é excelente e das mais bonitas que encontrámos, mas aqui somos suspeitos porque gostamos de praias a contrastar com cenários urbanos. O ambiente da cidade é bastante juvenil, com bares e discotecas porta sim porta sim, por isso, se além de praia, o que procuram é animação noturna, este é o vosso local.
Depois de Gold Coast, seguimos viagem em direção à Sunshine Coast, também muito afamada pelas belas praias. Nesta zona, as praias são bastante semelhantes às da Gold Coast, com o mar verde e areias brancas e extensas, mas um pouco mais selvagens, pois não há construções altas nem grandes cidades.
Noosa é uma vila turística, pequena e charmosa, de beira de praia, que nos conquistou totalmente. Esplanadas charmosas e cheias de vida para desfrutar da noite quente que se fazia sentir. Além disso, boa gastronomia e boas praias, com a vantagem de, que sendo uma vila pequena, conseguíamos chegar a todo o lado tranquilamente a pé.
Depois de Noosa, avançámos mais para norte, com paragem seguinte em Hervey Bay, com único objetivo de visitar Fraser Island, pois é daqui que sai o ferry para a ilha. Comprámos uma excursão de dia completo de visita, mas é possível pernoitar lá, sendo bastante comum viagens de dois e três dias. É recomendável que se visite sempre com guia, uma vez que Fraser Island é bastante selvagem e o facto de toda a ilha ser de areia dificulta bastante a condução. Além do mais, é um habitat natural de dingos, e apesar dos alertas serem constantes, infelizmente, não vimos nenhum.
A excursão de um dia é suficiente para visitar os pontos principais e mais do que suficiente para ficar a adorar Fraser Island. Desde a floresta tropical, por onde dificilmente os camiões abrem caminho para passarmos, passando pelo lago McKenzie de um azul transcendente e terminando nas praias desertas de extensões fora do comum, com destroços de um navio naufragado a dar um ar ainda mais dramático ao cenário, tudo em Fraser Island é selvagem e quase “intocado”. É obrigatória a visita. E ainda bem que valeu tanto a pena, porque depois disto é que a história complica. Mal chegámos de Fraser Island pegámos no carro e lá fomos nós, sempre conscientes de que tínhamos 800km pela frente, em direção a Airlie Beach, para visitar as Whitsundays. Com uma boa dose de loucura à mistura, muitos cangurus (vivos e mortos) na estrada, no dia seguinte, à hora combinada, lá chegámos ao nosso destino.
O conjunto de ilhas de Whitsundays é exatamente aquilo que idealizamos quando pensamos no paraíso em forma de praia. Areia branca e mar turquesa à nossa disposição. Para lá chegar contratámos o Big Fury, uma empresa, das muitas à disposição, que organiza a excursão de um dia para conhecer este conjunto de ilhas, nomeadamente a Whitehaven Beach, a mais famosa de todas. Para os que gostam de snorkeling é possível fazê-lo. Não somos muito amantes dessa atividade por isso ficamos no barco a tirar fotografias. A empresa encarrega-se de nos fornecer água e comida, aliás, tal como acontece na Fraser Island.
Se pensam que as boas histórias para mais tarde contar ficaram por aqui enganam-se. Vem aí mais uma. Na nossa viagem de barco, de regresso para o porto de Airlie Beach, um funcionário de uma organizadora de excursões veio pedir-nos auxilio. E o que tinha acontecido? Um simpático casal chinês decidiu que a melhor forma de conhecer as ilhas era pernoitar num veleiro... Mas nem chegaram a pernoitar, isto porque a ondulação era tanta que a senhora chinesa enjoou e pediu aos nossos tripulantes para sair dali. Por isso, os mais sensíveis a aventuras aquáticas ficam avisados.
Depois, mãos ao volante novamente e lá fomos para Townsville, cidade onde apanhámos o nosso avião para regressar a Melbourne e voltar para casa, para a Europa, para Portugal...
Então a pergunta que se coloca é, então valeu a pena estas aventuras todas? Claro que sim, gostamos de aventuras e de boas histórias para contar aos nossos familiares e amigos. Além disso, é uma zona lindíssima, selvagem, com um areal enorme para explorar. Recomendamos e muito. Para os amantes da praia e da aventura fica um conselho: Façam esta zona de carro, vale mesmo a pena, mas não andem tanto de noite.
Notas:
Orçamento para estes cinco dias: Aproximadamente 1000 euros para os dois (para despesas de refeições, excursões, portagens e gasolina);
Como chegámos lá: Voo de Syndey, pela companhia Virgin, com destino a Gold Coast por 85 euros por pessoa, com mala de porão incluída;
Aluguer de carro: Cinco dias de Gold Coast até Townsville, 170 euros, excluindo portagens e abastecimento; Reservado online no Auto Europe. Como o carro foi devolvido noutro local, tivemos de pagar a taxa de 'one way' (150 euros).
Mês escolhido: Início de Outubro. Primavera a começar;
Preço médio da refeição: Se for em restaurante, com entrada, prato, copo de vinho e sobremesa, pagam aproximadamente 80 euros por pessoa;
Alojamento: Island Resort Hotel, no centro de Gold Coast, 68 euros por uma noite, sem pequeno almoço;
Noosa Heads Motel, perto do centro de Noosa, 85 euros uma noite, sem pequeno almoço;
Shelly Beach Motel, em Hervey Bay, 68 euros uma noite, sem pequeno almoço;
Coral Sea Vista Apartments, em Airlie Beach, 180 euros duas noites, sem pequeno almoço;