Já há muito que o conceito de brunch faz parte da vida dos portugueses, nós próprios frequentámos bastantes, mas este é, sem dúvida o mais criativo e especial que conhecemos.
A cada edição o intuito não é apenas alimentar os nossos estômagos, mas também a nossa fome de conhecimento, aquela vontade tão portuguesa de explorar novas culturas, neste caso, novas gastronomias.
Os cérebros por trás deste conceito são Ana e Rita Gil Pires, duas irmãs de Lisboa, que são também as anfitriãs e cozinheiras de serviço. A ideia surgiu um pouco por brincadeira, por sentirem que, enquanto frequentadoras assíduas de brunches, começavam a ficar cansadas de ver sempre as mesmas opções alimentares à mesa.
Adeptas de viagens, perceberam logo que a diferença estaria aí, na variedade gastronómica que encontramos fora de Portugal. E foi assim que, inicialmente para amigos e amigos de amigos, num terraço de Lisboa, puseram a sua ideia inovadora à prova. O feedback foi tão bom que tiveram de mudar de local para poder alimentar o dobro das bocas.
Atualmente são vinte as vagas em cada edição deste brunch e as datas e continente selecionados são anunciados com alguma antecedência na página de Facebook e Instagram, podendo fazer por estes meios as vossas reservas, mas sejam rápidos, pois isto esgota que nem pãezinhos quentes.
Bastante curiosos com o conceito, tínhamos já há algum tempo vontade de experimentar, contudo como vivemos a umas boas centenas de quilómetros, essa possibilidade ainda não tinha surgido. Felizmente, uma das edições do brunch, neste caso da Oceania, coincidiu com a nossa ida a Lisboa para um concerto e claro que não deixamos a oportunidade escapar.
Fizemos a reserva através da página do Facebook e prontamente nos foi confirmada, inquirindo-nos sobre possíveis alergias ou intolerâncias alimentares. Mais próximo da data recebemos uma sms com os detalhes do evento, e no dia lá estávamos nós, ao meio-dia, no Kitschen Lx, no Lx Factory, prontos para embarcar rumo à terra dos cangurus.
O espaço onde o brunch acontece é super engraçado com uma decoração bastante retro familiar, fazendo-nos lembrar a sala de uma daquelas tia-avó que todos nós temos, cheias de bugigangas e bonecada. Uma mesa corrida no centro, onde os vinte participantes se sentam lado a lado intensifica ainda mais essa sensação de espaço familiar.
Como já tínhamos estado na Austrália estávamos super empolgados por relembrar essa viagem, mas as manas Pires fizeram-nos ver e, muito bem, que a Oceania é muito mais do que a Austrália.
O menu dividiu-se em sete momentos que nos levaram de Tonga, a Kiribati, Papua Nova-Guiné, Micronésia, Ilhas Marshall, terminando na Nova Zelândia.
Até para nós que já tínhamos posto os pés naquele continente foram umas horas de muita aprendizagem. A cada prato, as guias desta viagem fazem uma introdução, explicando em que consiste, como deve ser comido e ainda nos brindam com alguma curiosidade sobre o país a que corresponde.
Excelentes anfitriãs e cozinheiras, não descuidam nenhum pormenor para que a viagem nos leve mesmo para fora de Lisboa, colocando como pano de fundo música típica do local que vamos visitar e incentivando ainda os participantes a vestirem-se e levarem acessórios de acordo com o tema.
No final de contas, só podemos dar nota máxima a esta experiência. Estava tudo delicioso, mas o que percebemos realmente é que este não é um brunch de ode à comida. É um brunch de aprendizagem, de curiosidade, de partilha e enriquecimento cultural.
A única coisa que lamentamos é não termos a possibilidade de explorar com o Brunch do Mundo os restantes continentes, mas certamente voltaremos numa próxima ida a Lisboa.
Esta viagem tem o custo de 18€ por pessoa e, não se esqueçam, reservem com antecedência ou arriscam-se a "ficar em terra".
No final de cada edição as anfitriãs fazem questão de tirar uma fotografia com o grupo, colecionando todas a fotografias desde a primeira edição no mural onde apresentam o menu. Se lá forem, não se esqueçam de procurar por nós.