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Volto JÁ

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The Handmaid´s Tale, a série que quer ser maior do que a vida

15.09.17 | Volto Já

The Handmaid's Tale

 

A premissa de The Handmaid´s Tale

Há séries que nasceram para agradar a um público específico ou para um momento certo das nossas vidas, mas não é o caso desta. A série criada por Bruce Miller, baseada no livro de 1985 de Margaret Atwood, não se passa no futuro, nem num país remoto, é mesmo nos Estados Unidos, que sofreram uma epidemia de infertilidade entre as mulheres e as que não o são vêm-se raptadas, treinadas e obrigadas a transformarem-se em aias de famílias ricas. De acordo com o dicionário português, uma aia é uma mulher que realiza serviços domésticos para alguém que faz parte da nobreza, mas na República de Gileade, outrora Estados Unidos da América, elas servem de concubinas aos casais cujas mulheres não podem gerar filhos.

 

Por se tratar de um regime cristão militar, mas num novo modelo totalitário, o ato sexual não se chama de violação ou estrupo, mascarando-se com o nome de Cerimónia, inspirado na profecia dos Filhos de Jacó. A mulher oficial do casal é obrigada a observar o marido a cumprir a sua tarefa, enquanto agarra os braços da aia.

 

Como devem calcular, às aias são retirados todos os direitos das mulheres. Depois de darem à luz e oferecer os serviços básicos no crescimento do bebé, são-lhe retirados os filhos e colocados em outra casa (rica). Os homossexuais são declarados traidores [uma vez que não podem gerar filhos], cuja sentença são castigos tão radicais como a morte. 

 

The Handmaid's Tale

 

Sendo uma série tão dura, devo assisti-la na mesma?

A série destaca-se, entre várias coisas, pela soberba performance de Elisabeth Moss - conhecida pela participação na premiada série Mad Men, tendo encarnado a valente Peggy Olson -, a quem dificilmente escapará o Emmy deste ano. Ela consegue dar muito à personagem com pouco. Um olhar é suficiente para perceber o que lhe vai na alma. Há ainda a inteligente forma como os argumentistas introduzem as narrações da personagem principal, não cainda no facilitismo de descrever o que está a ver ou o que vai fazer, mas sim o que gostaria de dizer mas que não pode.

 

A cada episódio (10 na primeira temporada) somos convidados a entrar no mundo perfeitamente pintado deste universo distópico, provavelmente a melhor fotografia alguma vez vista numa série, a par de A Guerra dos Tronos. A realização apresenta-se consistente, sendo que quatro dos cinco realizadores são mulheres, até para nos aproximar da sensibilidade feminina. Mas não se deixem enganar, não é um produto para mulheres, é para quem valoriza a vida e se revolta com as injustiças.

 

The Handmaid's Tale

 

The Handmaid's Tale é forte e impacta-nos, mas ao longo dos episódios os criadores foram inteligentes ao não caírem na tentação de continuar a oferecer violência gratuita e repetitiva, evoluindo para os valores que realmente importam: a luta por aqueles que mais gostamos. Além disso, a primeira temporada cresce nos sentimentos ambíguos, fazendo com que as nossas impressões sobre as ideologias severas sejam bem interpretadas.

 

Só queríamos melhorar o mundo ... Mas melhorar nunca significa melhor para todos. Significa sempre pior para alguns...

 

Para aqueles que, tal como no mundo real, não gostam de séries com bons e vilões, não deixem de espreitar e celebrar a beleza da criação da vida, lembrando a cada minuto a importância do papel da mulher neste mundo.

 

The Handmaid's Tale

 

Ter sido pais há pouco tempo faz com que os temas sobre parentalidade nos toquem de uma maneira diferente, mas não se deixem enganar pelos nossos mais sensíveis sentimentos, The Handmaid's Tale é uma obra que tem de ser vista por todos para não perderem a linha do que melhor se faz pela televisão hoje em dia.

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